BA: Pacto pelo Feminicídio Zero em jogos de futebol é assinado pela Defensoria, autoridades e clubes no lançamento do Baianão 2026
Estado: BA
“Não é só futebol”. Dita frequentemente pelos amantes do esporte, essa frase simples e direta mostra que a prática ultrapassa o campo e é, também, um palco de transformações sociais. Com essa proposta, a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA) participou do lançamento do Campeonato Baiano 2026, nesta quarta-feira (17), no Cineteatro 2 de Julho. O evento foi marcado pela assinatura da carta de adesão ao Pacto pelo Feminicídio Zero e Prevenção à Violência contra as Mulheres.
Signatária do Pacto, a defensora-geral, Camila Canário, avaliou que a iniciativa vai além da educação em direitos e das reflexões sobre os padrões de masculinidade que perpetuam a violência contra as mulheres. “Estamos todos envolvidos também com o objetivo de estabelecer protocolos de conduta para acolhimento e atendimento humanizado das mulheres vítimas de violência durante os jogos de futebol”, disse.
Também assinaram o Pacto de Adesão ao Feminicídio Zero a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), autoridades como o vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior, representantes da Federação Baiana de Futebol (FBF) e dos dez clubes que disputam o Baianão 2026: Esporte Clube Bahia, Esporte Clube Vitória, Jacuipense, Galícia, Bahia de Feira, Juazeirense, Porto, Jequié, Atlético de Alagoinhas e Barcelona.
A expectativa é que 60 milhões de pessoas que acompanhem pela TVE as transmissões dos 48 jogos do Campeonato Baiano 2026 sejam alcançadas pelas mensagens de combate ao feminicídio e à violência de gênero. Por isso, o diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), Flávio Gonçalves, destacou a importância desta articulação com os órgãos de Estado e com os clubes que disputam o campeonato.
“Fizemos o convite aos clubes e à Federação Baiana para que possamos assinar aqui um grande pacto do futebol baiano em defesa das mulheres e contra o femincídio. Esse é um assunto muito importante. A cultura do futebol envolve muitos homens. Sabemos como vivemos em uma sociedade machista, mas ninguém nasce machista ou violento contra uma mulher. Isso é uma cultura que está sendo construída ao longo de séculos e nós podemos enfrentar isso”, declarou.
De acordo com o relatório “Futebol e violência contra a mulher”, do Fórum de Segurança Pública 2022, as ameaças ou violências contra mulheres aumentam 23.7% em dias de jogo do time do agressor, assim como cresce em 20,8% o número de lesões corporais dolosas (intencionais). O estudo foi conduzido em cinco capitais brasileiras, entre elas, Salvador.
Vice-presidente da Associação Desportiva Bahia de Feira, Mayara Correia afirmou que o futebol é um espaço machista, mas pode ser transformado por iniciativas como o Pacto assinado. “O futebol precisa ser um espaço onde as mulheres sejam respeitadas, ouvidas e seguras. A violência contra as mulheres precisa parar. Essa iniciativa é fundamental para romper com uma cultura que ainda exclui e violenta. Vamos trabalhar para que essa mensagem chegue ao maior número de pessoas possível”, disse na ocasião.
Vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior destacou ações do Governo do Estado voltadas para a temática, tais como o “Baralho Lilás”, que identifica envolvidos em feminicídios, estupros, violências domésticas e outras agressões, criado pelas Secretarias da Mulher e da Segurança Pública. E ressaltou o empenho dos órgãos do estado para o sucesso desta campanha nos 417 municípios da Bahia.
“Vamos estabelecer essa política pública, e esses times de futebol têm um papel fundamental com todos os interlocutores da cultura e dessa paixão que é o futebol. Vamos ter uma campanha que, com certeza, servirá de exemplo para todos os estados da federação”, finalizou o vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior.



