Quatorze pessoas em um pequeno barco da Secretaria Municipal de Defesa Civil, seguindo o contrafluxo do Baixo Madeira. Dois defensores públicos, quatro assessoras, três servidores municipais, um bombeiro, um policial militar garantindo a segurança institucional, o piloteiro e seu proeiro, e bem ao fundo registrando tudo com seu celular, um videomaker enviado pela Diretoria de Comunicação.
Essa foi a equipe responsável pelos atendimentos do Segundo Ciclo de 2025 do Projeto Circulando por Direitos, desenvolvido pela Defensoria Pública do Estado de Rondônia, por meio do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos e da Coletividade, e de órgãos parceiros como a Secretaria Municipal de Inclusão e Assistência Social (Semias), as Superintendências Municipais de Proteção e Defesa Civil (SMDC) e de Integração e Desenvolvimento Distrital (SMD), e o Corpo de Bombeiros do Estado de Rondônia.
Durante os nove dias de atendimento, a equipe coordenada pelo defensor público Bruno Balbé, em conjunto com a defensora pública Flávia Carósio, realizou 123 atendimentos jurídicos, e ao todo 108 famílias foram atendidas pela SEMIAS para emissão de CadÚnico, Passe livre, Bolsa Família, entre outros benefícios.
A equipe seguiu pelos rios e por terra nas mais diversas locomoções, enfrentando as dificuldades do acesso e permanência nos mais variados locais, passando pelos Distritos de São Carlos, Nazaré, Calama, Demarcação, pela Reserva Extrativista do Cuniã, Monte Sinai e pela região da Gleba Rio Preto, que apresentou o acesso mais dificultado, pela distância e condições da estrada.
Para conseguir vencer as intempéries da viagem, a equipe utilizou de barco a voadeiras, camionetes, e seguiu para a Gleba Rio Preto a bordo de um Jerico, tipo de automotor artesanal, comum em áreas rurais e ribeirinhas, geralmente construído a partir de peças reaproveitadas de caminhonetes, tratores ou caminhões antigos. Em um dos registros audiovisuais, de dentro do Jerico, o defensor público Bruno Balbé foi enfático ao afirmar “A Defensoria Pública vai até onde precisam dela, não importa como”.
Segundo o Bruno, a equipe atuou em condições logísticas adversas, enfrentando longos deslocamentos fluviais e terrestres, em locais de difícil acesso. “A postura proativa, a dedicação e a resiliência da equipe foram fundamentais para assegurar que os atendimentos chegassem às comunidades do Baixo Madeira, contemplando tanto serviços jurídicos da Defensoria Pública quanto ações de assistência social levados pelas instituições parceiras, promovendo, assim, o acesso à justiça e o fortalecimento da cidadania nas regiões mais afastadas”, ressaltou.
Depoimentos dos Assitidos
Em sua maioria, as assistidas e assistidos ressaltaram a importância da ação da Defensoria Pública na região do Baixo Madeira, que aproximou as populações locais dos serviços ofertados. “Sou moradora do lago do Cuniã há 18 anos. O atendimento hoje é muito importante para que minha filha regularize as questões do CadÚnico. Como a equipe mesmo viu a dificuldade de chegar até aqui. Se pra vocês é difícil, pra nós é muito mais, porque temos que realizar o deslocamento até Porto Velho com criança, com família, e os custos da viagem são altíssimos”, explica Maria Vanete, moradora da Reserva Extrativista do Cuniã.
Já o assistido Ney Botelho, agradeceu a equipe pela maneira como foi atendido. “Eu resido no Distrito de Calama há mais de 40 anos. Vim pedir uma ajuda da Defensora Pública e meus problemas foram bem atendidos. O que puderam fazer por mim, fizeram. Foram muito educados e me receberam da melhor forma”.
A próxima fase do Circulando por Direitos acontece no próximo mês de setembro, e está prevista para ser realizada em Distritos, Aldeias e comunidades da região do Alto Madeira.