A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) celebrou, nesta semana, a conclusão do tratamento odontológico de paciente do programa Volte a Sorrir, voltado ao atendimento gratuito e ao acolhimento de mulheres que sofreram danos bucais. A beneficiária, Vanessa Michele da Cruz, de 45 anos, foi admitida no programa durante a 20ª edição do projeto Dia da Mulher, iniciativa que oferta diversos atendimentos ao público feminino em situação de vulnerabilidade na primeira segunda-feira de cada mês.
O programa Volte a Sorrir é fruto de uma importante parceria entre a DPDF e a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em articulação com instituições da área da saúde e ensino odontológico: a Associação Brasileira de Odontologia – Regional Taguatinga (ABO-Taguatinga), o Centro Universitário IESB, o Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e o Hospital Odontológico de Brasília (CIR). O termo de cooperação entre as entidades foi assinado em setembro de 2024, tornando possível a oferta de tratamentos odontológicos integrais e humanizados às mulheres acolhidas. A iniciativa conta com 59 mulheres já cadastradas, sendo que todas já estão em atendimento.
O projeto visa não apenas ao aspecto estético e funcional, mas também ao resgate da dignidade e da autoestima de mulheres. Por meio de atendimento humanizado, realizado por especialistas e estudantes supervisionados, as pacientes recebem diagnóstico, tratamento completo e acompanhamento psicológico, com o apoio da DPDF. O programa destaca-se por oferecer mais do que um tratamento odontológico: ele reconstrói sorrisos como símbolo de liberdade, dignidade e recomeço. Ao articular justiça e saúde, o Volte a Sorrir reforça o compromisso da instituição com políticas públicas que cuidam integralmente das mulheres.
O Defensor Público-Geral, Celestino Chupel, explicou que a expectativa é que o projeto amplie seu alcance nos próximos meses, com o atendimento de novas pacientes e o fortalecimento de parcerias interinstitucionais. “O programa Volte a Sorrir já se consolidou como um modelo de ação interinstitucional bem-sucedida, ao integrar justiça, saúde e acolhimento em favor de mulheres. Mais do que devolver sorrisos, estamos devolvendo dignidade, autoestima e confiança a essas mulheres. É um projeto que simboliza recomeços e reafirma o papel da instituição como promotora de direitos e garantidora de uma rede de apoio efetiva para quem mais precisa”, afirmou.
Para a Subdefensora Pública-Geral e coordenadora do projeto, Emmanuela Saboya, a iniciativa é essencial e representa um marco no acolhimento de mulheres vulneráveis. “Recuperar o sorriso vai muito além da estética: é um ato de superação, de reconstrução emocional e de resgate da autoestima. O Volte a Sorrir é uma resposta concreta da Defensoria para devolver dignidade, esperança e força às mulheres que precisam”, afirmou.
A diarista Vanessa Michele da Cruz, moradora do Setor de Chácaras do Lago Norte e mãe de sete filhos, enfrentou uma série de dificuldades ao longo da vida, incluindo uma enchente que atingiu sua casa e a perda dos dentes, há cerca de nove anos. Com a autoestima abalada e sem condições financeiras para custear um tratamento odontológico, ela encontrou no programa Volte a Sorrir uma oportunidade real de transformação. “Ao participar da iniciativa, recebi todo o cuidado necessário para reconstruir meu sorriso e, com ele, sua confiança. Hoje posso sorrir novamente”, agradeceu emocionada.
Segundo Vanessa, amigos notaram a mudança e passaram a elogiar seu novo sorriso, marcando uma virada significativa em sua trajetória. A experiência dela simboliza o impacto positivo da parceria, que devolve dignidade e esperança a mulheres em situação de vulnerabilidade por meio do acesso gratuito a um tratamento odontológico completo e humanizado.
De acordo com a coordenadora do curso de odontologia do Centro Universitário IESB, Fernanda Cunha, a parceria com a DPDF é extremamente rica e significativa para todos os envolvidos. “As usuárias são acolhidas com respeito e cuidado, os universitários ganham uma formação muito mais humanizada ao lidar com pacientes que carregam traumas profundos e dores que vão além da questão odontológica e a instituição cumpre seu papel social com excelência. As duplas de alunos são escolhidas com critério, priorizando aqueles que demonstram maior sensibilidade e afeto, justamente porque sabemos que essas mulheres exigem um olhar atento também no aspecto psicológico e emocional. Isso engrandece a capacitação dos nossos estudantes e os prepara melhor para a realidade da profissão”, detalhou.
Para a pró-reitora de graduação e extensão do Centro Universitário IESB, Roberta Gontijo, o envolvimento dos estudantes de odontologia no programa Volte a Sorrir representa uma valiosa troca entre formação acadêmica e impacto social. “O trabalho realizado pelos universitários, sempre supervisionados pelos docentes, leva dignidade e qualidade de vida a quem mais precisa. Essa vivência prática não só fortalece a formação técnica e humana dos nossos alunos, como também promove a contribuição social de que esse público tanto necessita”, afirmou.