O terceiro dia de novembro celebra a conquista das mulheres brasileiras ao direito ao voto, instaurado na mesma data em 1932.
Ontem, no período da tarde, a Defensoria Pública de Pernambuco promoveu o diálogo acerca do feminismo, ministrado durante o Curso de Formação à Carreira às novas Defensoras e novos Defensores Públicos.
O tema teve a abordagem realizada virtualmente, por meio da plataforma Zoom, pelas Defensoras Públicas Gabriela Andrade, integrante do Núcleo Especializado de Cidadania Criminal e de Execução Penal (NECCEP) e Subcoordenadora do Núcleo de Defesa e Proteção da Mulher Vítima de Violência Doméstica (NUDEM), e Juliana Paranhos, lotada nas cidades de Catende e Maraial.
De início, a música Mulher do Fim do Mundo, interpretada pela cantora Elza Soares, contextualizou o que viria a seguir.
Juliana Paranhos introduziu o diálogo a partir consolidação do pensamento feminista, utilizando como base teórica o livro O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir.
A obra pioneira traz diferentes interpretações da autora de como a figura da mulher é antagonizada perante a sociedade, devido a diferentes perspectivas masculinas.
“O feminismo não é único. Nós mulheres não somos iguais. Cada contexto social é diferente, onde a luta feminista acontece,” disse.
Ela destrinchou, portanto, as definições da ideologia do feminismo.
O liberal, com pautas básicas, tais quais os direitos maternos e educacionais. Além da extensão de direitos políticos. Além da igualdade, por vias institucionais.
O radical, que atribui a raiz da desigualdade ao patriarcado, e intui a revolução total da estrutura.
O marxista, advindo da década de 70, o qual não apenas reconhece o machismo, mas a forma econômica de organização, no capitalismo, como redutor do papel da mulher.
Gabriela Andrade enfatizou a multiplicidade da luta feminista, trazendo aspectos de raça.
“O feminismo negro traz questões como o genocidio negro e a discriminação a religiões de matriz africanas. E os preconceitos que as mulheres brancas, via de regra, não vivenciam,” afirmou.
Juntas, ainda, evidenciaram questionamentos das autoras Silvia Federici e Lélia Gonzalez, cujas escritas evidenciam, respectivamente, o trabalho doméstico e o feminismo afro-latino-americano
Juliana Paranhos destacou,inclusive, a romantização da tripla jornada de trabalho.
“Algo transformado em um atributo natural. Como uma necessidade interna das mulheres, esse trabalho doméstico e reprodutivo. Na verdade, é uma combinação de exercícios físicos e emocionais, que a sociedade patriarcal faz parecer que não exige nenhum esforço,” frisou.
Ao final, as palestrantes discutiram aprendizados e vivências com os recém empossados.
Participaram os novos Defensores Públicos André Pinheiro Cruz, Renan do Nascimento, José Mota e Thiago Carvalho, bem como as novas Defensoras Maria Cristina Nunes, Marília Oliveira, Raquel Silva, Edivane Tenório, Fernanda Pereira e Paula Medeiros.