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02/12/2020

SC: Família iraniana impedida de voltar para casa, em Dubai, escolhe Florianópolis como seu lar definitivo

Fonte: ASCOM/DPE-SC
Estado: SC
Assistido pela Defensoria Pública de Santa Catarina em uma ação de indenização contra a empresa Avianca do Equador, o iraniano Majid Adham Eslami viveu uma situação semelhante à do personagem do ator Tom Hanks no filme “O Terminal”, dirigido por Steven Spielberg, em 2004, condenado a permanecer num aeroporto por meses por ter sido apanhado em meio a um limbo jurídico. Seria um caso muito parecido, não fosse por um detalhe: ele não estava sozinho.
 
Em 15 de outubro de 2017, Majid Eslami (hoje com 43 anos), a mulher Fatemeh Bibi Kanakhi (hoje com 39, à época grávida), e os filhos Abdolrahman (hoje com 14), Mohammad (11), Amar (9) e Abdollah (hoje com 4 anos) ficaram retidos no aeroporto de Guayaquil, no Equador, impedidos de viajar para Bogotá, na Colômbia, de onde pegariam um avião da Turkish Airlines com escala em Istambul e destino final em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde eles residiam.
 
A alegação da companhia aérea para impedir o embarque foi de que eles não teriam visto de passagem pela Colômbia, embora, por direito, qualquer cidadão iraniano com passagem de ida confirmada para um terceiro país possa permanecer até 24 horas em território colombiano sem necessidade de visto. E era exatamente o caso, já que o voo chegaria em Bogotá às 6h44min de 15 de outubro e o voo para Istambul sairia às 9h15min do mesmo dia. Seriam menos de três horas no aeroporto de Bogotá.
 
Perda do visto de residência em Dubai
 
Porém, como não conseguiram viajar, perderam as passagens para casa e, em consequência, os seus vistos de residência em Dubai. Fatemeh vivia há 35 anos nos Emirados Árabes Unidos, para onde sua família havia emigrado. Majid vivia há 20 anos em Dubai, seus pais também haviam migrado para lá, e trabalhava numa empresa de importação e exportação, a Al Sahm Al Aber General Trading LLC. Majid, Fatemeh e os filhos estavam desde o final de abril de 2017 no Equador, para onde foram estudar a língua espanhola, e marcaram o retorno antes de seis meses fora dos Emirados Árabes Unidos. Em seus passaportes, estava carimbado em letras vermelhas com destaque: “Resident Permit become invalid if bearer resides out of the U.A.E. for more than six months” (“A Permissão de Residência se torna inválida se o portador reside fora dos Emirados Árabes Unidos por mais de seis meses”).
 
O casal teve seu pedido de reclamação negado pela Avianca Equador no dia 20 de outubro, e no dia 12 de novembro, desesperados e sem condições financeiras de arcar com seis novas passagens para Dubai, eles receberam o comunicado de que seus vistos de residência haviam sido cancelados. Logo em seguida, a empresa de Majid informou que não poderia mantê-lo como funcionário sem o visto, e ele foi demitido. Sem terem uma fonte de renda e sem poderem trabalhar no Equador, Majid e Fatemeh gastaram o que lhes restava e vieram para o Brasil, onde um amigo da família os ajudaria. E o destino foi Florianópolis.
 
Acolhidos pela comunidade muçulmana da Capital catarinense, a família Eslami morou num apartamento da Avenida Hercílio Luz, no Centro, até poucas semanas atrás, quando se mudou para um apartamento de dois quartos em um edifício na Rua José de Alencar, no bairro Capoeiras. A família sobrevive de doações da comunidade muçulmana e do dinheiro que os parentes mandam de Dubai. O pequeno Abraham, de 2 anos e meio, nasceu em Florianópolis. “Esse nasceu manezinho”, conta Majid, com o filho no colo.
 
Família Eslami no apartamento do bairro Capoeiras, em Florianópolis
Até o ano passado, todos estudavam no Instituto Estadual de Educação, onde Majid e Fatemeh concluíram o equivalente ao ensino médio e aprenderam português. Os três filhos maiores já falam bem melhor que os pais a língua portuguesa. Fã de futebol, Abdolrahman, o mais velho, jogava futsal no time do Instituto. Com a pandemia, as crianças passam o tempo inteiro em casa. E Majid, agora, estuda administração em uma universidade particular.
 
Assistidos pelo defensor público Marcel Mangili Laurindo, da 13ª Defensoria Pública da Capital, Majid e Fatemeh pedem uma indenização, na Ação Condenatória ajuizada contra a Avianca – Ecuador S.A., pelos danos causados com o impedimento da viagem. A ação foi ajuizada em março de 2019 e, recentemente, uma carta rogatória chegou ao Ministério da Justiça do Brasil para ser enviada à Colômbia. O valor da indenização pedida de R$ 440 mil engloba as seis passagens aéreas perdidas, as despesas com alimentação, moradia e transporte com que tiveram que arcar para permanecer o Equador e vir para o Brasil, os lucros cessantes com a perda do emprego de Majid em Dubai e uma indenização por danos morais a cada um dos membros da família.
 
Desejo é permanecer no Brasil
 
Após três anos vivendo em Florianópolis, a família Eslami decidiu que quer permanecer no Brasil. “Eu preciso aprender bem português para conseguir um emprego e poder pagar de volta quem está nos ajudando. Estamos há quatro anos sem poder visitar a nossa família em Dubai. Esperamos poder ir lá vê-los algum dia, porque a gente só fala pelo whats app, mas queremos voltar para o Brasil e ficar aqui em definitivo”, afirma Majid.
 
A família está plenamente adaptada a Florianópolis. Segundo Majid, a Ilha de Santa Catarina é muito parecida, geograficamente, com a ilha onde nasceu no Sul do Irã, Qheshm, bem próxima a Dubai. “O formato da minha ilha é muito parecido. Aqui é muito bom, muito diferente do Equador. O Brasil é um país grande, tem muita oportunidade. Os filhos gostaram da escola. Nós recebemos muita ajuda aqui, da comunidade árabe, dos palestinos, sírios e libaneses que moram aqui. A mulher e os filhos agora são brasileiros. O meu processo está em Brasília, e espero ganhar a naturalização em breve também. Quero trabalhar e quero que meus filhos sejam grandes brasileiros no futuro”, revela Majid, esperançoso.
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