Presidido pela Defensora Pública Rosana Leite Antunes de Barros, o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher elegeu, na tarde da última terça-feira (26), as duas vencedoras do primeiro prêmio “Ruth Marques Corrêa da Costa”, instituído em homenagem às mulheres que lutam e promovem a defesa dos Direitos Humanos das mulheres no Estado. As vencedoras foram Madalena Rodrigues dos Santos Vieira, na categoria personalidade em vida, e Bernardina Maria Elvira Rich, in memorian.
“As duas homenagens são extremamente merecidas. Duas mulheres incansáveis na luta pelos Direitos Humanos das mulheres de Mato Grosso e o Conselho fica muito feliz em poder homenagear a professora Madalena ainda em vida e a professora Bernardina, de vanguarda, que lutou pelas mulheres em um momento histórico muito mais difícil, com diversidades imensas. Ambas as escolhas foram muito justas”, declarou a Defensora.
Os julgamentos foram feitos levando em consideração a importância histórica da ação das personalidade para a defesa dos Direitos Humanos das mulheres; geração e produção de conhecimento relevante; capacidade inovadora e criativa do trabalho desenvolvido; integração com outros segmentos sociais; impactos sociais, políticos e culturais na sociedade; e integração dos direitos humanos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.
A entrega no prêmio será na próxima sexta-feira (29), no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil, durante a realização do IV Seminário Estadual de Políticas para Mulheres do Estado de Mato Grosso, que terá início às 8h.
História de luta das vencedoras
Madalena Rodrigues dos Santos Vieira
Indicada pelo Fórum de Articulação das Mulheres de Mato Grosso, do qual é uma das fundadoras, Madalena Rodrigues é uma mulher que visa à transformação das relações sociais entre homens e mulheres.
Como coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher e Relações de Gênero (Nuepom) e associada-educadora da Rede Mulher de Educação, tem uma atuação reconhecida na comunidade acadêmica, na sociedade cuiabana e mato-grossense por meio de pesquisas, trabalhos de extensão, participação em manifestações públicas, passeatas, marchas e encontros com autoridades, sempre reivindicando a superação das desigualdades de gênero na sociedade e a efetivação de políticas públicas que possam transformar para melhor a vida das mulheres.
Bernardina Maria Elvira Rich
Indicada pela professora e historiadora Nailza da Costa Barbosa Gomes,Bernardina Rich viveu numa sociedade de transição do século XIX para o XX e, por mais difícil que fosse ser mulher, negra e de poucas posses, não permitiu que isso a deixasse no anonimato. Em 1890, aos 18 anos, tomou posse como professora primária do Estado e fez de sua casa lugar de instrução, espaço artístico e cultural, tocava piano, violão e violino.
Sempre praticou a filantropia e atividades ligadas a Igreja Católica. Segundo depoimentos, em sua casa existia um quarto somente com donativos como alimentos, vestimentas, brinquedos e cobertores. Por muitos anos esteve à frente da Liga, que prestava assistência aos Lázaros, uma instituição criada com o objetivo de ajudar os hansenianos, na época chamados de leprosos, pessoas condenadas à morte. Encaminhava os doentes ao Hospital São João dos Lázaros, em Cuiabá, e prestava todo tipo de assistência, até mesmo como enfermeira.
Em 1916, juntamente com outras mulheres, criou o Grêmio Literário Julia Lopes de Almeida, primeiro órgão no estado com o objetivo, previsto no estatuto, de emancipação das mulheres mato-grossenses. Em 1934, solicitou a fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que conquistou o direito ao voto às mulheres, que instalasse uma filial em Cuiabá e no mesmo ano foi fundada a Federação Mato-grossense pelo Progresso Feminino, a qual presidiu até morrer, em 1942, aos 70 anos. Neste período, foi responsável pelo alistamento eleitoral das primeiras mulheres a votarem no Estado.
Teve seu nome homenageado na escola E.E. Bernardina Rich, onde Ruth Marques Corrêa da Costa, que dá nome ao prêmio, foi diretora por dezenove anos. O prédio, por sua vez, foi demolido e a escola extinta por um decreto, em 2011.