Jundiaí: Em um ano, busca por internação compulsória cresce 50%
Estado: SP

Em busca de uma solução ´rápida´ e eficaz para enfrentar o problema das drogas dentro de casa, mais famílias da periferia têm feito contato com a Defensoria Pública do Estado em Jundiaí para a internação compulsória (contra a vontade do paciente) de dependentes químicos. O aumento foi de 50% entre os anos de 2013 e 2012, de acordo com estatísticas do órgão na cidade.
Dessa porcentagem, 38% dos casos são encaminhados para a Justiça - a Defensoria no município tem parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) -, já que na maioria das vezes não há vagas para dar conta de toda a demanda e considerando, inclusive, que o processo de internação compulsória não é simples, precisa de laudo médico e é um dos últimos recursos a serem adotados no tratamento dos dependentes, conforme explica a defensora pública da infância e juventude, Patrícia Malite Imperato, e a psicóloga da Defensoria, Ariane Goim Rios Palaro.
"Todos os familiares que chegam pedindo a internação de algum dependente são encaminhados para o Centro de Atendimento Multidisciplinar - CAM - da Defensoria, que conta com assistentes sociais e psicólogos, para avaliação do melhor tipo de tratamento de acordo com cada caso", explica Ariane, lembrando que a Defensoria atende exclusivamente pessoas com renda familiar de até três salários mínimos e é preciso comparecer ao local com comprovante de renda, de endereço e documentos pessoais como RG e CPF.
Os números apontam a demanda crescente e, consequentemente, trazem à tona um problema social grave e que requer altos investimentos por parte do poder público. "A maioria dos casos a gente consegue encaminhar para o Cead - Centro Especializado no Tratamento da Dependência de Álcool e Outras Drogas - e fazemos um acompanhamento do tratamento dessas pessoas por meio de uma relação bastante interessante com os profissionais de lá", reforça a psicóloga.
O número de vagas no Cead foi ampliado de acordo com a defensora pública e isso possibilitou redução de uma fila de espera significativa até o ano passado. "Tivemos várias reuniões com o poder público a respeito desse assunto e as coisas estão acontecendo, estão sendo feitas, mesmo que seja com um certo atraso", pontua Patrícia.
PERFIL
A maioria dos dependentes químicos ainda é do sexo masculino, mas tem aumentado a procura por tratamento e internação de mulheres, também, segundo as especialistas da Defensoria. Cocaína e crack são os dois tipos de drogas mais usados e têm atraído cada vez mais adolescentes.
"Já tivemos um caso envolvendo um menino de oito anos. A mãe veio pedir por internação. Hoje, normalmente, eles têm começado a usar com 11 anos, na maioria, e muitos se tornam usuários e envolvidos com o tráfico, inclusive, porque não têm dinheiro para sustentar o vício", explica Patrícia, mostrando uma realidade chocante e que precisa ser analisada com seriedade.
TRATAMENTO
No Cead, em torno de 380 pacientes - usuários de álcool e drogas - são atendidos por mês de acordo com a presidente do Centro, Selma Ozam Fabbri. A família também tem vez e o número é de 200 famílias, pelo menos, envolvidas no tratamento. Recentemente, houve uma mudança na metodologia de atendimento para que o local pudesse dar conta de uma demanda maior, como ocorreu.
E, em breve, o funcionamento será 24 horas. "Está em trâmite na prefeitura, então não temos data definida", explica a coordenadora Renata Jorge do Lago, acrescentando que o Cead passará a contar com oito leitos (hoje são dois) e terá médicos e enfermeiros dando assistência no período da noite para pacientes em fase, principalmente, de desintoxicação. A média de pacientes recuperados é de 30% e os outros 70% estão em fase de conquistas também expressivas segundo a coordenadora técnica do Cead, Flávia Rangel Miyamoto.






