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31/10/2011

Rio: sem tratamento, presos viciados em crack sofrem com crises de abstinência

Fonte: Portal R7
Estado: SP

Para "aliviar" desespero dos detentos, agentes penitenciários fornecem a droga

Gritos e gemidos ecoam pelo longo corredor do presídio Bangu 3, na zona oeste do Rio de Janeiro. Viciado em crack, um preso bate com a cabeça contra as grades da cela em mais uma crise de abstinência. O comportamento agressivo irrita os companheiros de cela, que espancam o colega. Sem saber lidar com a situação, os agentes penitenciários ignoram o homem que treme e sua pelo corpo inteiro.

O relato é de uma mãe desesperada que, sem poder ajudar o filho, pede por tratamento contra o crack dentro da prisão. O detento, que cumpre pena por tráfico de drogas, não comparece mais às visitas dos familiares, o que aumenta a preocupação da mãe e da mulher dele. As duas temem que ele morra à espera de cuidados.

Casos como esse chegam com frequência à Defensoria Pública do Rio, a quem as famílias dos presos usuários de crack recorrem em busca de ajuda. O coordenador do Nuspen (Núcleo do Sistema Penitenciário), Felipe Almeida, diz que o perfil dos dependentes da droga é formado por homens negros de 18 a 26 anos, com baixa escolaridade e que cumprem pena por envolvimento com o tráfico de drogas.

Almeida conta que, por falta de tratamento adequado, somente os presos em estado grave são atendidos no Centro de Dependência Química Roberto Medeiros, que funciona dentro do Complexo Penitenciário de Bangu.

- Hoje, com a epidemia de crack no cárcere, é muito comum o preso ter crises de abstinência e outros problemas decorrentes do uso e da falta da droga. O preso é internado, recebe algum tipo de medicação e, depois disso, volta para cela sem nenhum acompanhamento. Há casos de presos que assumem crimes cometidos por outros detentos para ganhar o crack como recompensa.

Para "aliviar" crises, agentes fornecem drogas para presos
Uma enfermeira da unidade, que não quis se identificar por medo de represálias, conta que, para "aliviar" a crise de abstinência dos usuários de crack e manter a ordem nas celas, agentes penitenciários fornecem a droga para os detentos em troca de dinheiro.

- Os familiares também repassam a droga para o agente, que entrega ao preso. Os agentes lucram com isso e ainda aliviam o desespero dos viciados em crack.

Procurada pelo R7, a Seap (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária) informou que, em todos os presídios do Estado, os agentes penitenciários passam por revista em seus pertences. Os visitantes também são revistados. Atɠoutubro deste ano, foram registradas 90 apreensões de drogas com visitantes.

A Seap ainda admitiu que somente os presos “em crise ou surto emergencial” são atendidos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), inaugurada em agosto deste ano dentro de Bangu, e no Roberto Medeiros. A secretaria ainda informou que a unidade tem capacidade para internar 121 presos e, no momento, trabalha com 87 internos.

Internação não é suficiente
A diretora do Nepad (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas) da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Ivone Ponczekc, diz que as internações hospitalares devem ocorrer em um contexto de acompanhamento integral do dependente químico. Segundo ela, a internação, por si só, não garante a reabilitação completa do usuário.

- Numa situação de prisão, onde o indivíduo é privado de uma série de direitos, não adianta tentar cortar a droga de uma maneira abrupta sem dar assistência contínua ao usuário. É preciso haver uma rede de atendimento ambulatorial e de assistência social que dê conta das necessidades mais complexas do indivíduo.

O deputado Marcelo Freixo (PSOL), que preside a Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), diz que vai cobrar às autoridades providências que garantam tratamento adequado aos presos viciados em crack e em outras drogas.

- Nós já visitamos o Centro Roberto Medeiros. É evidente que o problema ocorre em um contexto no qual as drogas não são tratadas como questão de saúde pública, mas como caso de polícia, especialmente se os dependentes químicos são jovens negros e favelados, perfil da maioria esmagadora da nossa população carcerária.

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