Na terça-feira (14), o defensor público e coordenador do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Distrito Federal (NDH/DPDF), Rodrigo Duzsinski, acompanhou a ação da Justiça de tentar cumprir mandado de reintegração de posse na área do Acampamento Marielle Franco, ocupada há dois anos na região rural de São Sebastião. A Defensoria conseguiu mediar um acordo entre as partes, que suspendeu a desocupação, e 54 famílias deixaram de ser desalojadas.
Duzsinski explicou que mais de 200 trabalhadores estavam organizados em barricadas na estrada de acesso ao acampamento com receio de uso da força por parte do Estado e sem condições seguras para uma reintegração de posse que respeitasse os direitos humanos. Diante disso, o NDH fiscalizou as atividades da desocupação e mediou as conversações com o proprietário, as autoridades presentes e a coordenação do acampamento.
“Tentamos reverter a ordem judicial, sem êxito. Por isso, fomos até lá para enfrentar com eles esse difícil episódio da vida: a retirada e derrubada de suas casas. Cheguei cedo no acampamento. Me esperavam com música e café. Sentei na barricada de pneus que eles pretendiam queimar em protesto. Decidi ir ao ponto de encontro das forças de segurança, que se reuniram a cerca de 3 km do acampamento. Não esperamos eles virem; fomos ao encontro. Mais de dez caminhões, inúmeras viaturas de polícia, helicóptero, verdadeira cena de filme. Uma tensão extrema. Chegamos propondo diálogo e analisando a viabilidade da operação. Quando me indicaram a pessoa que seria a autora da ação, caminhei em sua direção e pedi para conversarmos. Chegamos a um acordo e a operação foi desmobilizada, a desocupação não mais aconteceu. Cerca de 200 pessoas voltaram para casa aliviadas e felizes por saberem que naquele dia suas moradias não iriam para o chão. Obrigado a essa população guerreira por confiar no nosso trabalho e na nossa maneira de atuação”, disse o defensor público.