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Nº 052 - 10 de setembro de 2020
Liana Lisboa
Com quase 200 anos de história, a fotografia é uma das maneiras mais reais de registrar acontecimentos. Ela já foi analógica e preto e branco. Hoje, com o advento da tecnologia, é digital e reflete cores vivas. 
 
Na era das selfies - fotografia que uma pessoa tira de si mesma com smartphone - a defensora pública do Ceará Liana Lisboa mostra uma sensibilidade ímpar ao registrar o cotidiano das pessoas, das cidades e das paisagens. Em um clique, ela eterniza imagens e conta histórias dos lugares onde passa e onde vive. 
 
Desde pequena, por influência do pai, Liana Lisboa sempre teve curiosidade pelas fotos. Mas foi em 2015, quando mudou-se para Fortaleza (CE), que ela mergulhou no universo das câmeras e das lentes. Natural da Bahia, Liana sempre teve contato com o mar e tudo que acontece ao redor, e é isso que ela mais gosta de fotografar. "Tenho um encanto especial com os homens e mulheres do mar, sua pesca e seus barcos, que são personagens muito comuns tanto em Salvador, minha cidade natal, quanto em Fortaleza, onde moro".
 
Para ela, Defensoria Pública e fotografia desempenham uma função social: a Defensoria Pública no atendimento aos vulneráveis e a fotografia ao mostrar para o mundo realidades que nem todo mundo vê. Confira a entrevista na íntegra:
 
ANADEP - 
Há quanto tempo você é defensora pública? Por que decidiu ingressar na carreira? Como foi este ingresso?
Sou defensora pública há quatro anos e dez meses. A decisão de ingressar na carreira surgiu após trabalhar como advogada em um serviço do Governo do Estado da Bahia que atendia pessoas em situação de violência sexual. Ali conheci na prática a importância de uma assistência jurídica integral e gratuita na vida de pessoas vulnerabilizadas socialmente e decidi que isso era o que eu queria fazer profissionalmente: atender pessoas e tentar usar o direito como instrumento de superação das vulnerabilidades sociais. Fiz alguns concursos para a carreira e, em 2015, fui aprovada e nomeada na Defensoria Pública do Ceará.
 
 
 Atendimento a um adolescente em cumprimento de medida socioeducativa, no caminhão da DPE, que foi levado para dentro da unidade socioeducativa para a realização de um mutirão de reavaliação das medidas socioeducativas, em parceria com o judiciário e o MP
Um dos seus hobbies é a fotografia. Quando teve o primeiro contato com a fotografia?
Meu contato com a fotografia é antigo. Meu pai também gostava de fotografar e tinha um livro sobre fotografia em casa que folheei algumas vezes desde pequena. Então, eu sempre admirei a fotografia. Adorava encontrar livros com a obra de fotógrafos/as, ir a exposições de fotografia. Mas eu só comecei a me arriscar a fotografar em 2015, ainda com o celular. Em 2016, quando já havia me mudado para Fortaleza, decidi levar isso mais a sério e comprei uma câmera semi profissional e fiz um curso de iniciação fotográfica.
O que você mais gosta de fotografar?
Eu gosto de fotografar pessoas comuns em suas vidas cotidianas de uma maneira geral. O dia a dia na cidade – seja essa cidade qual for. Mas tenho um encanto especial com os homens e mulheres do mar, sua pesca e seus barcos, que são personagens muito comuns tanto em Salvador, minha cidade natal, quanto em Fortaleza, onde moro.
Que equipamentos fotográficos usa com mais regularidade? Ou apenas um  smartphone serve?

Eu uso uma câmera Canon EOS Rebel T5 e também um smartphone. Hoje também tenho um perfil no instagram @liu.fotografia, onde guardo todos os meus registros.

Onde vai buscar a inspiração necessária para criar o cenário ideal para um clique?
O que me inspira é a vida pulsante do cotidiano. Eu tento encontrar beleza no trivial, mesmo quando não saio para fotografar, então clico nos cenários que surgem para mim pelas cores do dia a dia, pelas formas geométricas das cidades ou pelas luzes e sombras das praias.
O que considera mais importante para ser uma boa fotógrafa?
Acho que é muito importante saber ver as coisas que acontecem ao seu redor com um olhar focado na beleza. Mas também é necessário conhecer, ainda que um pouco, as técnicas fotográficas e ter um bom equipamento.
Qual foto clicada por você tem um significado especial? Por quê?
 
As duas fotografias anexas. Ambas foram tiradas, em dias diferentes, no Porto da Barra, em Salvador. É um dos meus lugares preferidos para fotografar, e viraram juntas uma tatuagem que fiz, já em Fortaleza, para deixar Salvador registrada também na pele. Gosto muito de uma delas, porque consegui registrar a silhueta de três garotas e o resultado me lembrou os desenhos de Carybé, pintor que admiro muito. A outra, em que registro um garoto pulando no mar enquanto outros estão ao redor, me faz lembrar sempre da liberdade que essa juventude merece.
 
Quais são os fotógrafos atuais ou antigos que você mais admira?

Pierre Verger, Sebastião Salgado e Carrie Mae Weems.

Você segue algum perfil nas redes sociais de fotógrafos que admira?
Sigo vários. Mas existe uma geração nova de fotógrafos/as na Bahia, cujos trabalhos são admiráveis pela sensibilidade com que retratam a Bahia, os/as baianos/as e a baianidade. Para mencionar apenas uma página, recomendo a @baianidadenago, que reúne vários desses trabalhos.
Acredita que a fotografia tem uma função social?
Sim, sem dúvida. Ao registrar e mostrar ao mundo realidades que nem todo mundo vê, a fotografia tem um enorme potencial tanto de denúncia de situações de violência e desigualdade, quanto de valorização de culturas, estéticas e estilos de vida normalmente marginalizados, discriminados.
E, por fim, o que você acha que precisa ser feito para o fortalecimento da Defensoria Pública?
Acredito que a Defensoria Pública tem o desafio permanente de se equilibrar sempre com um pé no sistema de justiça e outro nas lutas populares. Então, para o fortalecimento da carreira, é preciso manter um diálogo constante com a sociedade civil e os movimentos sociais e consolidar as ouvidorias externas.
 
Mas é preciso também estruturar a carreira, assegurar a presença de defensores e defensoras públicas em todas as comarcas, criar e preencher, mediante concurso, cargos de assessoria jurídica, psicologia, serviço social, contabilidade etc., que são indispensáveis para uma atuação qualificada da Defensoria.
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