Se você não consegue visualizar as imagens deste e-mail, clique aqui, ou acesse
http://www.anadep.org.br/wtksite/grm/envio/2760/index.html
 
Nº 049 - 30 de julho de 2020
Arthur Macedo
Desde que o isolamento social foi decretado nas cidades por conta do coronavírus, a prática de esportes foi totalmente suspensa em academias e clubes para evitar a contaminação das pessoas pela COVID-19. 
 
No entanto, psicólogos e demais profissionais da saúde falam da importância de movimentar o corpo para a saúde física e mental. Mas será que há alguma saída para a realização de atividade esportiva nesse momento? 
 
De acordo com pesquisa da Associação Médica do Texas divulgada nesta semana há SIM. O estudo mostra que o tênis tem sido considerado como uma das modalidades mais seguras e com menor chance de contágio pela COVID-19. 
 
O principal motivo é o distanciamento natural entre os competidores na quadra, a ausência de aglomeração, tão comum em esportes coletivos, e também por poder ser disputado ao ar livre. A entidade criou uma escala de 1 a 10 para classificar o risco de diversas atividades do cotidiano, como ir a um restaurante ou passear no parque. O tênis está no nível 2, ao lado de acampar e abastecer o carro, por exemplo. Já academias de musculação estão no nível 8. Futebol e basquete estão no nível 7.
 
Assim, o "História de Defensor" desta semana traz uma entrevista especial com o defensor público Arthur Macedo, que é jogador de tênis. Além de falar sobre os seus ídolos no esporte, ele também traz uma análise sobre a inclusão de gênero e raça no esporte. 
 
Leia na íntegra:
 
ANADEP - 
Quando você entrou na Defensoria Pública? Por que decidiu ingressar na carreira?

Tomei posse como defensor público do Estado do Amazonas no dia 15 de outubro de 2013. Antes de ser defensor público, era servidor do Tribunal de Justiça e acompanhei de perto a atuação de defensoras e defensores. Tive a sorte de conhecer profissionais muito dedicados. A Defensoria Pública, a princípio, não era o meu sonho, mas quando passei a atuar e conhecer de perto o trabalho, eu vi que era isso que queria e continuo querendo para a minha vida. A Defensoria Pública me possibilita buscar a efetivação de direitos de pessoas que dificilmente conseguiriam algo sem a existência desta Instituição. 

Hoje, além da atuação na Defensoria, você joga tênis. Há quanto tempo você pratica o esporte e o que te fez escolher o tênis?

Eu faço aula de tênis há um ano. Sempre achei um esporte interessante, mas nunca tive vontade de fazer aula. Até que um dia, conversando com duas amigas, defensoras públicas, elas me contaram que estavam fazendo aulas e eu me animei. Fui para a primeira aula e não parei mais (salvo no período crítico da pandemia, que tive que parar por quatro meses). Hoje, as minhas amigas, que me incentivaram, não participam mais das aulas, mas mantenho a esperança que elas irão retornar (risos). 

O que o esporte significa para você?
Eu sempre gostei de praticar esportes. Praticar esporte é um jeito de se exercitar se divertindo. Esporte é saúde e inclusão.
 
Você já participou de competições? Como são os treinos?
Eu me arrisco em alguns torneios de tênis. Ainda não consegui ganhar, mas sigo tentando (risos). Sinceramente, acho que o importante é competir e se divertir, porém, se for possível ganhar, fica melhor ainda. Não faço treinos específicos para jogar um torneio, apenas aumento o número de aulas na semana quando tem algum campeonato próximo.
 
Como fazer o tênis ser mais popular no Brasil? É um esporte caro?
Acho que para popularizar esse esporte é preciso que o Brasil produza ídolos. Lembra a época do Guga? Conheci vários brasileiros que entendiam tudo de tênis. O tênis é sim um esporte caro, acredito que isso também dificulte a popularização. Uma raquete intermediária é cara, o calçado específico é caro, o aluguel de uma quadra é caro e etc.
 
Quem são seus esportistas favoritos? Por quê?
Eu gostava muito de ver o Guga jogar. Ele é meu favorito por ter feito história e ser brasileiro. Gosto muito do jogo do Gael Monfils, um tenista francês. Tem a questão da representatividade também, por ele ser um tenista negro. Não há como deixar de falar de Nadal e Federer, eles são dois monstros do esporte.
 
Falando em representatividade, qual é a importância dela no esporte? Ela existe?

A questão da representatividade é importante em todos os setores da sociedade e, no esporte, isso não é diferente. No tênis, me vejo pouco representado, por exemplo, pois não conheço nenhum atleta negro atuando no Brasil. Admiro bastante os poucos que conheço, como as irmãs Williams (multicampeãs), o Gael Monfins, Yannick Noah, este ganhou um Grand Slam (Roland Garros) e Arthur Ashe (único negro a ganhar Winbledon e o Australian Open).

Nas Defensorias Públicas Estaduais, o número de defensoras e defensores negros é muito baixo. Como fazer para melhorar estes números?
A quantidade de pessoas negras ocupando posições de destaque no nosso país ainda é muito pequena. A Defensoria não foge à regra. Eu fico muito feliz quando conheço um colega negro, quando conheço algum juiz(a) ou membros do Ministério Público negros. É extramamente importante que a população negra seja de fato inserida na sociedade. É preciso dar um fim nesse racismo enraizado nas entranhas do nosso país.
 
Acredito que a adoção do sistema de cotas no âmbito de todas as Defensorias do Brasil seria uma medida bastante eficaz para aumentar a presença de defensoras e defensores públicos negros. 
 
Conforme falei, me sinto realizado e representado quando conheço um colega negro assim como eu. Imagina o poder dessa imagem para um assistido negro ou seu filho negro. Ele vai pensar que pode chegar lá também. Esse é o poder da representatividade.
Como é conciliar a atuação na Defensoria com o esporte? A prática do esporte te ajuda no seu dia a dia de defensor?
A Defensoria exige muito do profissional e é preciso ter uma válvula de escape para que fique mentalmente bem. Conciliar o trabalho com o tênis é bem tranquilo, porque, em dias de semana, eu faço as aulas à noite.
 
O tênis me deixa mais disposto para acordar cedo e fazer o meu trabalho. Como eu disse, esporte é saúde; é vida. Você precisa estar bem para poder desenvolver melhor o seu trabalho e o tênis tem esse poder sobre mim. Hoje não vivo sem o tênis e sem a Defensoria.
 
E, por fim, o que você acha que precisa ser feito para o fortalecimento da Defensoria Pública?

A cada ano, a Defensoria vem mostrando o seu valor. Temos diversos defensores e defensoras que fazem um trabalho magistral. O fortalecimento da Defensoria Pública passa pelo protagonismo que deve ser dado a quem se utiliza de seus serviços. Acredito que o povo é o lastro da nossa Instituição. A busca pela manutenção de um serviço de qualidade ao usuário e a melhora na estrutura de trabalho dos membros fortalecerão a Defensoria ainda mais. A Defensoria já é uma realidade e uma das instituições mais confiáveis e importantes desse país, conforme demonstrado em pesquisa realizada pelo Conselho Nacional do Ministério Público no ano de 2017.

ver edições anteriores »Clique aqui caso não queira mais receber nossos e-mails.