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Nº 048 - 16 de julho de 2020
Alexa Pinheiro
O "Histórias de Defensora" desta semana traz uma entrevista especial com a defensora pública Alexa Pinheiro. Nas horas vagas, o seu hobbie predileto é desbravar as matas e trilhas de Rio Branco, capital do Acre. Ela iniciou a modalidade há dois anos, quando buscava um esporte que lhe trouxesse bem-estar e qualidade de vida.
 
Avessa à ideia de academia, ela viu no trekking uma saída especial para uma melhor conexão entre a mente e o corpo. O trekking é uma palavra de origem sul-africana que significa seguir um trilho a pé. É um desporto de caminhada e trilha.
 
E Alexa está num local privilegiado para a prática, pois o estado tem 87% de floresta preservada. Ou seja, muita natureza para desbravar e contemplar. Além das trilhas leves, ela também gosta de praticar as trilhas com obstáculos, que se assemelham àqueles treinamentos militares, que nos lembram aquele filme dos anos 90: o limite da honra, em que a atriz principal atravessava rios de lama, pulava cercas com arames, entre outros desafios.
 
E você tem curiosidade para saber como esse esporte funciona? Leia a entrevista na íntegra:
 
ANADEP - 
Por que decidiu ser Defensora Pública? Como foi este ingresso?
Costumo dizer que a Defensoria me escolheu! Minha inscrição no concurso foi feita pela minha mãe, que me obrigou a fazer a prova. Eu não queria, pois na faculdade não ouvíamos falar de Defensoria. Eu tinha outras pretensões de carreira. Na época também passei no concurso de advogada da Caixa Econômica, mas nunca me chamaram.
 
Tomei posse e fui chorando para minha primeira lotação em um município chamado Brasiléia, no interior do Acre. Tinha medo de tudo. Quando troquei de lotação e vim para Rio Branco, saí de lá chorando. Foi a melhor experiência da minha vida. Fui muito feliz e simplesmente me apaixonei pela Defensoria. Com o tempo, cresceu o amor. E cá estamos: são longos 14 anos e, coincidentemente, esse é o mês de aniversário da minha posse.
 
 
Nas horas vagas você pratica o trekking - trilha a pé ou caminhada. Quando e como surgiu esse interesse?
Há dois anos, eu estava com muitas dores no corpo. Cansada, baixa imunidade, fui em alguns médicos que sempre diziam para incluir uma atividade física na minha rotina. Considerando que não gosto de academia, decidi que iria me juntar ao grupo que faz trilha aos finais de semana em Rio Branco. As trilhas ficam em áreas de preservação cuidadas pela comunidade local e os trilheiros ajudam a manter. Comecei a me reunir com eles para ajudar na manutenção da trilha e fazemos cotas para comprar material, pintamos as placas e nos reunimos para sinalizar o caminho e fazer a trilha. Como sempre gostei de contato com a natureza não foi difícil amar.
 
Quando criança tínhamos colônia (que é como chamamos pequenos sítios ou granjas) e íamos todos os fins de semana, passávamos as férias lá e todos os feriados possíveis. No inverno para chegar tínhamos que andar 7km a pé, passar atoleiros, por vezes ficávamos no “prego” e passávamos dia inteiro na estrada esperando ajuda. Era uma grande diversão.
 
Essas trilhas normalmente duram duas horas caminhando pela mata, ora fechada ora aberta e é um momento que curto muito, sempre aproveito para tirar fotos da natureza, porque a fotografia é outra paixão que tenho. É sempre momento de grande prazer. Sempre que viajo, tento fazer alguma trilha.

Qual foi a sua melhor trilha? E qual o maior circuito que você já fez?
No ano passado fiz a primeira trilha com obstáculos. Essa é bem difícil. Amei! Sempre quis fazer, mas nunca achei que fosse capaz de concluir. Esse tipo de trilha tem competição, mas com a pandemia não pude dar continuidade. Certamente, quando tudo normalizar, vou me inscrever para participar.
 
Nesse tipo de trilha, vivemos uma “aventura animal”, tipo um dia de treinamento do exército. Passamos pela mata, por diversos córregos que temos que atravessar, atravessamos açudes, passamos por obstáculos, ora pulando, ora agachando. Algumas partes, tínhamos que nos arrastar por baixo de uma teia de arame. É um dia de diversão e muita lama. Esse tipo de trilha tem duração de uma manhã, depende do ritmo de cada um. A maior que eu fiz tinha 5km. Esse tipo é que mais gosto, pois me desafia mais. Fico exausta, mas mega satisfeita comigo.
 
Ano passado consegui participar de duas dessas, levei minha mãe, meu filho e sobrinho. Foram momentos de muita diversão! Minha mãe de mais de 60 anos, apesar da dificuldade, amou. Sempre gostei de brincar na lama e meu filho gosta também.
 
A trilha me deixa feliz. Eu me recordo da minha infância, e fico com a sensação de liberdade e satisfação. É uma terapia para mim. A que tem obstáculos, mostra quanto sou capaz de fazer o que acredito ser impossível. Ficar perto da natureza é algo que amo, tenho fotos lindas. Se posso definir em uma palavra é liberdade.
 
 
 
 
 
O que não pode faltar ao ir fazer uma trilha?
Na trilha não podem faltar roupas para se proteger do sol e do capim. A primeira vez que fui, voltei toda cortada rs... Então é bom: blusa, calça longa, protetor solar, boné e muita água, sempre levo mochila com água e divido com as pessoas.

As trilhas, normalmente, são feitas em grupo? É possível fazer sozinha?
Podemos fazer a trilha sozinha, mas prefiro estar acompanhada, afinal é mata e nunca se sabe o que pode acontecer. Sempre vou quando o grupo marca. Quando são trilhas com obstáculos, não consigo fazer sem ajuda. Como participamos para brincar e não para competir, todos se ajudam.
 
Como você planeja uma trilha?
Quando a trilha é leve, o grupo informa que estará disponível e quem pode sinalizar o caminho. Marcamos um local para saírmos juntos e compartilhar carona. Ao final, quem tem interesse almoça no local. A trilha com obstáculos a proprietária da área informa quando estará disponível e marca. No final sempre tem café compartilhado, onde cada um leva algo.
 
E, por fim, o que você acha que precisa ser feito para o fortalecimento da Defensoria Pública?
Na minha opinião, o fortalecimento da Defensoria está ligado à independência. Temos que fazer dela uma instituição que não dependa de barganhas, mas também acho que o fortalecimento do órgão está na valorização das pessoas, que passa por melhorar a qualidade de vida delas.
 
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