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Nº 046 - 18 de junho de 2020
Elaina Rosas
O que a culinária da Bahia tem? SABOR!! Isso mesmo: com letras garrafais.
 
É de lá que vem o azeite de dendê, o cacau puro, os peixes, as cocadas, o feijão de corda e uma infinidade de misturas e temperos.
 
Quem nunca passou as férias na Bahia e experimentou algum prato que ficou na memória até hoje?
 
Para falar um pouco desse universo gastronômico, o Histórias de Defensora dessa semana traz uma entrevista especial com a defensora pública da Bahia Elaina Rosas, que tem em sua mãe a maior referência na cozinha. 
 
Além da moqueca baiana, Elaina também capricha na decoração da mesa e nos doces. Hoje, a defensora mantém um site, Instagram e vídeos no IGTV sobre o tema. Confira abaixo a entrevista completa:
 
ANADEP - 
Por que decidiu ser Defensora Pública? Como foi este ingresso?
Ingressei na faculdade de Direito em 2001. Desde o início tinha certeza que faria concurso público e inicialmente acreditava que seguiria a carreira da magistratura. Não pensava em Defensoria no início porque na época a Defensoria não tinha o status constitucional que tem hoje e era pouco conhecida e reconhecida. Tive a oportunidade de ser estagiária da DPE/BA em 2003 e 2004 e me apaixonei pelo trabalho da Defensoria.
 
Durante os dois anos de estágio tive a certeza de qual carreira queria seguir. Assim que terminei a faculdade, no final de 2005, fiz o concurso para a Defensoria da Bahia, em 2006, e fui aprovada. A nomeação e posse ocorreu em 2007 e, desde então, não me vejo em outra carreira.
 
E especificamente sobre a culinária. Como surgiu esse talento? Fez algum curso?

Minha mãe sempre foi, e é, uma cozinheira de mão cheia, como dizemos aqui na Bahia. Tudo que ela faz é gostoso e faz sucesso na família e entre os amigos. Eu cresci vendo e comendo  as comidas, sobremesas e bolos maravilhosos que ela faz. Apesar disso, nunca tinha tido coragem, nem vontade, de me aventurar na cozinha, até que eu saí da casa dos meus pais e me deparei com a realidade de que não teria mais "mainha" para cozinhar todos os dias e eu seria a responsável por fazer mercado, cozinhar...

Então comecei pela necessidade mesmo, sempre com mainha ao telefone explicando como faz um simples arroz e, aos poucos, fui tomando gosto pela cozinha. Sempre assistindo vídeos, pesquisando na internet sobre técnicas e receitas, comprando livros de culinária, acabei descobrindo uma paixão e um talento herdado de mainha que me faz relaxar nos dias estressantes.

Hoje a cozinha é meu refúgio, onde eu me permito arriscar, testar e ser criativa. Fiz alguns cursos de culinária específicos de comida lowcarb e sem glúten, porque sou muito curiosa, mas meu aprendizado foi dentro da minha cozinha com a tv, internet e livros...

Você tem um canal no IGTV (@cozinhadananna) e mantém um site com receitas. O que você acha que chama mais atenção dos seguidores quando se trata do universo da culinária?

Pois é, criei o IGTV @cozinhadananna e o site cozinhadananna.com para compartilhar as minhas aventuras e experiências na cozinha. É muito bacana essa troca e inspiração para que outras pessoas também percam o medo de se aventurar na cozinha.

A gente come primeiro com os olhos! Isso é fato! As pessoas gostam de ver uma boa apresentação, mesmo que seja de um simples arroz com feijão. Por isso sempre gosto de uma mesa posta, ainda que para tomar um cafezinho rápido sozinha, quando você pega o jeito já fica algo automático!

Hoje temos uma rotina de vida muito corrida. A maioria das pessoas têm que conciliar trabalho com atividades domésticas, atividades físicas, filhos - pra quem tem-, e parece que o dia só tem 12 horas. Encaixar alimentação do dia a dia  no meio disso tudo não é uma tarefa fácil, por isso essa busca por uma alimentação saudável passa necessariamente por coisas que sejam rápidas e práticas de fazer. Vejo que vídeos ensinando o passo a passo no preparo de receitas ajudam bastante, porque você acaba se sentindo mais segura e confiante de que está fazendo tudo certinho. Pelo menos comigo sempre foi assim.

Ano após ano, a gastronomia vem ganhando um novo status, sobretudo em função dos programas de TV, cada vez mais numerosos. O que acha desses realitys de culinária?

Sempre gostei dos programas de culinária. Aprendi muitas coisas assistindo programas e realitys de culinária. Os realitys acabam fazendo mais sucesso porque é a cozinha, como ela é, na pratica, com erros e acertos, acho que rola uma identificação quando a gente está assistindo. Meu netflix é cheio deles... rsrsrsrs. A Rita Lobo para mim é a melhor, ela ensina desde a técnica do básico na cozinha até dicas para facilitar e agilizar o dia a dia.

Recentemente participei do desafio "Panelinha 20 anos", lançado por ela em comemoração aos 20 anos do site. Foram 20 dias e 20 receitas da Rita, um excelente aprendizado e muitas descobertas! Com esses programas e sites aprendo, desde o uso de novos ingredientes e temperos, a novas formas de apresentação dos pratos.

Inclusive, nesses realitys, vemos a participação massiva de homens na cozinha. Qual é a importância deste espaço ser compartilhado por todos? Afinal, aquela história de que lugar de mulher é na cozinha, não cola mais...
Essa ideia de que as tarefas domésticas são para mulheres já não cola mais mesmo. Acredito que temos que encarar não só a cozinha, mas as tarefas domésticas em geral como algo da família, todos precisam se envolver e participar. Essa mudança está acontecendo, e a cada dia tem se tornado mais visível. Faz parte do viver em família compartilhar as tarefas e responsabilidades, contribui para o estreitamento dos laços e também traz um amadurecimento pessoal, pois aprendemos a ser colaborativos, ter respeito mútuo e a viver em grupo.
 
O que você mais aprecia na culinária brasileira?
A culinária brasileira tem tantas influências e possibilidades. Acho que a melhor coisa é a diversidade de ingredientes, texturas e sabores. Dá pra usar e abusar da criatividade, mas sobretudo os temperos.
 
Aqui na Bahia caprichamos no tempero e o resultado é uma comida muito saborosa, jamais insossa. Eu faço de tudo um pouco e sempre gosto de experimentar coisas diferentes. A gente vive numa eterna busca por uma alimentação saudável e a cada dia um ingrediente vira o vilão da vez, mas hoje eu entendo que o segredo é ter equilíbrio e constância, a gente pode comer de tudo um pouco e continuar sendo saudável. 
 
De onde vem sua inspiração? O que sai da sua cozinha?
Eu amo bolos e doces, tenho certeza que é influência de Mainha. Sempre tinha um bolinho gostoso no café ou no lanche dos finais de semana. Ela sempre fez bolos maravilhosos. Comecei com cupcakes e fui aperfeiçoando, arriscando a fazer bolos mais elaborados com a ajuda de Mainha. Já me aventurei na culinária saudável sem glúten, sem lactose e sem açucar, fiz vários cursos, mas hoje, no meio dessa pandemia e isolamento social, estou sendo feliz com açúcar e farinha de trigo, e me aventurando mais em pratos salgados! Acho que vai muito do meu humor, nível de estresse... rsrsrsrs...
 
Da Bahia, qual prato típico você mais gosta de preparar?
A moqueca baiana!! A moqueca que mais gosto é de arraia, mas pode ser de peixe, camarão, siri...
 
Junto com a culinária, você também se destaca na "mesa posta". O que é e quais as dicas para fazer uma decoração? O que não pode faltar na mesa?
Mesa posta pra mim é a arte de arrumar os pratos, talheres, copos e taças para servir o alimento. Como eu falei antes, a gente come primeiro com os olhos. Sempre achei o máximo aquelas mesas lindas de novela e programas, e parecia algo muito distante.
 
Quando fui montar meu cantinho decidi que colocaria a mesa posta em minha rotina diária. Vira um ritual arrumar a mesa, preparar, servir a comida, sentar e comer. Aproxima as pessoas e se torna um momento agradável de conversa e trocas em família e com amigos. Eu me sinto bem, e me faz bem.
 
Para uma mesa posta bem básica basta um jogo americano ou toalha de mesa, sousplat (aquela coisinha redonda embaixo do prato), facas, taças e copos do lado direito, garfo do lado esquerdo e a colher de sobremesa a frente do prato. Você pode adicionar um guardanapo de tecido e um porta guardanapo para dar um charme.
 
Como você concilia a atuação da Defensoria com os seus talentos?
A cozinha hoje é o meu refúgio, onde relaxo depois de um dia cheio de trabalho e deixo fluir a criatividade, às vezes seguindo a receita, na maioria inventando arte e substituindo ingredientes, modificando as receitas. Às vezes dá muito certo, outras dá tudo errado, mas cozinha é isso: prática, teste e paciência. Tem gente que gosta de correr, outros de dançar, outros de tocar um instrumento. Eu gosto de ir pra cozinha e fazer bolos.... rsrsrs. 
 
Costumo fazer as coisas a noite ou nos finais de semana. Perdi as contas de quantas vezes comecei a fazer um bolo após as 22h... Tenho um lema que é: "Quem congela sempre tem!". Então costumo fazer a comida da semana no sábado ou domingo de manhã, porcionar e congelar para consumir durante a semana. Infelizmente, nessa rotina corrida que a gente tem, não dá pra ter comidinha feita na hora todos os dias.
E, por fim, o que você acha que precisa ser feito para o fortalecimento da Defensoria Pública?

A Defensoria surgiu para dar voz a quem não tem, tornar a Justiça acessível para todos, mas para isso a Defensoria precisa estar acessível a todos e, infelizmente, isso perpassa pela necessidade de implementação de um orçamento digno às Defensorias. Vejo que a credibilidade e importância que a Defensoria tem para sociedade não se reflete nos repasses orçamentários que são feitos para a Instituição.

Das Instituições do sistema de justiça é a que tem o menor orçamento, muitas vezes menor até que muitas secretarias e órgãos de Estado. Essa limitação orçamentária, que tem sido imposta às Defensorias, dificulta a ampliação da capilaridade da Instituição e a consolidação de uma atuação estratégica. Vivemos momentos muito difíceis, de ataques à democracia, violação de direitos e desrespeito às garantias fundamentais tão duramente conquistadas, e a Defensoria precisa se manter firme na luta pela preservação e defesa dos direitos humanos.

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