Leonardo Samuel Brito de Oliveira
Sem dúvida, o rock é um dos ritmos musicais mais populares do mundo. Este gênero que mistura de forma particular o som da bateria, do baixo e da guitarra tem atravessado gerações e revolucionado a música e o comportamento da juventude. Surgido em 1950, ele teve várias fases até hoje.
Há quem diga até que o rock é mais que um estilo musical, mas uma filosofia de vida. Há também quem defenda que rock é transgressão; é uma forma de chocar e de questionar padrões na sociedade.
E falando em quebrar padrões, a coluna traz hoje uma história peculiar: a do defensor público de Goiás, Leonardo Samuel Brito de Oliveira. Ele que vem do estado que é conhecido nacionalmente pela profusão de cantores sertanejos, e criou uma banda de Rock (sim, você leu certo - rock na capital da música sertaneja), a Banda Longitude.
O grupo já gravou três músicas inéditas, em São Paulo, com o produtor Marcell Cardoso, baterista da Família Lima e do programa Tamanho Família da Rede Globo. Uma dessas músicas, inclusive, é fruto de uma parceria com a também defensora pública Tatiana Maria Bronzato. E vai ser no próximo mês, em novembro, que a banda gravará seu primeiro clipe profissional.
Confira a íntegra da entrevista:
ANADEP -
Há quanto tempo você é defensor público? Por que decidiu ingressar na carreira? Como foi este ingresso?
Sou defensor público há cerca de um ano e meio. Quando fiz o concurso, a Instituição estava em fase inicial de estruturação no meu estado, Goiás. Um colega do meu antigo trabalho me falou sobre o concurso da Defensoria Pública de Goiás e me convidou para fazer a prova. Fui aprovado e em 2018 fui nomeado. Quando iniciei as minhas atividades na Instituição é que pude compreender a dimensão e a importância da Defensoria Pública. Hoje não me imagino em outra carreira. Tenho certeza que tudo era plano de Deus. Ele me colocou aqui e eu sou muito grato por isso.
Hoje, além da Defensoria Pública, você também está na música. Como você descobriu esse talento?
A música sempre fez parte da minha vida. Na minha adolescência passei a estudar alguns instrumentos, compor músicas e a participar de alguns festivais. Minha primeira experiência com banda foi também na adolescência, desde então, sempre busco me manter musicalmente ativo.
Qual seu estilo musical preferido? Por quê?
Gosto de vários estilos. Gosto de Pop, Rock (nacional e internacional), MPB, Folk, entre outros. Por influência dos meus pais e das minhas irmãs, que sempre ouviam esses estilos, eu aprendi a também gostar.
Você tem uma banda. Como surgiu e quais projetos vocês já lançaram e têm para o futuro?
A banda se formou após um festival musical na cidade de Quirinópolis-GO (minha cidade natal), realizado no ano de 2006. Eu participei do festival cantando uma música autoral. O Wellington e o John, baterista e baixista da minha atual banda, tocaram juntos com um outro projeto musical. Embora já nos conhecêssemos, não tocamos juntos na ocasião, mas um radialista, que acompanhava o evento, disse-nos que deveríamos tocar juntos.
Embarcamos na ideia. Montamos a Banda Longitude e gravamos a música que eu havia cantado no festival, chamada “Gabriela”. Essa música foi muito tocada nas rádios locais. Resolvemos, então, gravar um CD. Nessa época da gravação, Renato, atual guitarrista, entrou para banda. O CD teve uma boa repercussão e começamos a fazer programas de televisão e de rádio. Começamos também a tocar em muitas cidades de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. Gravamos três músicas inéditas, em São Paulo, com o produtor Marcell Cardoso, baterista da Família Lima e do programa Tamanho Família da Rede Globo.
Uma dessas músicas, inclusive, é fruto de uma parceria minha com a também defensora pública Tatiana Maria Bronzato. Uma das outras músicas eu tive o privilégio de gravar com a minha irmã, Amélia Lino, que, além de ser uma grande artista da confeitaria, é uma excelente cantora. Após a gravação, pretendemos divulgar nossas músicas e a retomar nossa rotina de shows. Em novembro deste ano gravaremos um clipe. Quem quiser acompanhar o trabalho da banda pode nos seguir no Instagram @bandalongitudeoficial.
Você é o cantor da banda! A responsabilidade é maior? Você fez aulas de canto?
Em uma banda o coletivo prevalece sobre o individual. A responsabilidade é compartilhada. Para que a banda funcione, cada um tem que fazer a sua parte da melhor forma possível. Para aperfeiçoar a voz, fiz aulas de canto em conservatórios e com professores particulares.
Como é ter uma banda de Rock em um estado que revelou a maioria dos cantores sertanejos?
Creio que o cenário em Goiás não seja diferente dos outros estados. O sertanejo é um estilo que domina o cenário musical brasileiro. No entanto, existe espaço para todos os gêneros. Existem bandas de rock goianas fazendo um trabalho incrível. Cito como exemplo a Banda Mr. Gyn, que tem obtido reconhecimento nacional com o seu trabalho.
Quem é sua inspiração no meio artístico?
Eu me inspiro em diversos artistas, entre eles Paul McCartney, Roberto Carlos, Renato Russo, Dinho Ouro Preto e Nando Reis.
Temos no nosso país um dos maiores festivais de Rock, o Rock in Rio. Na programação deste ano, quais foram as melhores atrações?
Na minha opinião, Bon Jovi, Goo Goo Dolls, Scorpions, Red Hot Chili Peppers, Plutão Já Foi Planeta e Capital Inicial.
Ainda sobre o festival, qual a sua opinião sobre a inclusão de cantores que são de outros gêneros musicais?
Eu vejo com bons olhos. O Brasil é um país musicalmente eclético e é muito interessante que o festival espelhe essa diversidade. O ideal seria que os festivais dos outros estilos também seguissem essa mesma linha e se abrissem para outros estilos.
A música te ajuda de alguma forma no seu dia a dia de defensor?
A música é essencial para o meu equilíbrio. Funciona como uma terapia. Eu também consigo raciocinar melhor quando estou ouvindo música.
Como é conciliar as práticas da Defensoria Pública com a música?
Exige comprometimento. Os nossos ensaios são nos finais de semana. Os nossos shows também são. Como trabalho em uma cidade e os ensaios da banda são em outra cidade, viajo cerca de 600 quilômetros todos os finais de semana para ir e voltar dos ensaios. O esforço, contudo, é sempre recompensado pela sensação de fazer algo que eu sou apaixonado.
E, por fim, o que você acha que precisa ser feito para o fortalecimento da Defensoria Pública?
Continuar a exercer bem o seu papel na defesa dos mais pobres e dos grupos vulneráveis. Isso contribuirá com o gradual reconhecimento da importância da Instituição na sociedade, gerando, consequentemente, o fortalecimento político e o crescimento da Defensoria Pública.
