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Nº 029 - 12 de setembro de 2019
José Rodrigues
José Rodrigues é defensor público há apenas seis meses. Ele faz parte do grupo dos primeiros defensores públicos do Amapá a ingressarem na instituiçao nos moldes Constitucionais. Mas no ciclismo, ele tem mais tempo de atuação.
 
O defensor iniciou na modalidade esportiva em 2016, com uma bicicleta simples e até inapropriada para a prática do esporte. Foi 2017 que duas decisões mudaram a vida dele: a primeira foi decidir estudar para o concurso de defensor público; a segunda foi comprar um bicicleta nova, de melhor qualidade e adequada às competições de ciclismo. 
 
Depois dessas escolhas, José já ganhou diversos campeonatos e hoje ajuda a fazer um Amapá com acesso à Justiça. 
 
Confira na íntegra a entrevista!
 
ANADEP - 
Há quanto tempo você é defensor público? Por que decidiu ingressar na carreira? Como foi este ingresso?

Sou defensor público há apenas seis meses. Ingressei na carreria porque o cargo me proporciona ajudar pessoas desfavorecidas a conseguirem o minímo de dignidade. Este é o combustível que me move. Ingressei após aprovação em concurso extremamente concorrido. Afinal, era o primeiro concurso para defensor público do Amapá. 

Sabemos que você tem como hobby o ciclismo. Como foi o seu início no esporte?

Inicie no ciclismo em julho de 2016, a convite de um vizinho e amigo que praticava o esporte. Comecei com um bicicleta emprestada de outro amigo. Praticava Boxe e Muay Thay anteriormente, mas me apaixonei de cara pelo esporte. Em virtude do trabalho extremamente corrido (era advogado na época), não pude me dedicar tanto quanto gostaria aos treinos. Minha primeira bicicleta era bem básica e simples. Bicicleta de entrada e inapropriada para a prática do esporte.

Em fevereiro de 2017, decidi duas coisas que mudaram minha vida: a primeira foi estudar para o concurso de defensor público; a segunda foi comprar um bicicleta nova, de melhor qualidade e adequada às competições de ciclismo. Filiei-me também a uma uma equipe, a Timon Biker's Aventure -TBA e também intensifiquei os treinos.

Em abril de 2017 participei da minha primeira competição. Uma prova de XCO, pela quarta etapa do Campeonato Piauiense. Fiquei em primeiro lugar. O XCO é uma modalidade mais radical e varia entre 6 e 20 quilômetros em forma de circuitos. O terreno do XCO é acidentado, os trechos possuem muitos declives e as maratonas costumam ser disputadas em grupos.

Participei também de uma prova na categoria XCM, pela quinta etapa do Campeonato Piauiense. Novamente fiquei em primeiro lugar. Na categoria XCM, os terrenos são uma mescla de terra, trilhas e asfalto. Isso torna o desafio ainda mais emocionante, já que você vai encontrar trechos diversos durante as pedaladas. É importante saber que as maratonas do Mountain Bike XCM variam entre 20 e 40 quilômetros.

Por conta dos estudos, tive que reduzir os treinos e me afastar das provas. Após a aprovação no concurso de defensor público do Amapá, pude retornar os treinos. Três semanas após a prova oral do concurso, participei da prova organizada pela minha equipe (TBA), com mais de 400 atletas inscritos de dez estados do país. Prova com percurso de 96km. Nesta, fiquei em terceiro lugar. Já em 2018 participei de mais duas outras provas, ficando em segundo e em terceiro lugar respectivamente.

Existe algum(a) esportista dessa modalidade que te inspira como referência? Por quê?

O brasileiro Henrique Avancimi, campeão mundial de XCM, pela sua história de superação e por demonstrar que com treino duro é possível vencer.

O esporte te ajuda de alguma forma no seu dia a dia de defensor?

Sabemos que a prática esportiva aumenta a produtividade no trabalho. Eu tenho mais energia e força de vontade pra ir trabalhar diariamente na luta pelos direitos dos assistidos.

Mas além disso, em muitos esportes, você vai precisar dos outros membros do time para atingir uma mesma meta: vencer. Caso contrário, se um dos integrantes não estiver em sintonia, pode levar ao fracasso do time inteiro. Esse espírito esportivo pode ser transportado ao local de trabalho. O senso de colaboração agiliza os processos e se aproxima ainda mais dos resultados. Um atleta, seja amador ou não, convive com metas e desafios todos os dias, e nem sempre consegue o resultado que almeja. Isso faz com que tenha força de vontade para continuar e batalhar pelos objetivos, seja no esporte ou no sonho profissional. Assim como no esporte, na vida profissional nem todos os projetos darão certo, nem todas as metas serão alcançadas, nem tudo o que fizer será valorizado. Em todos os casos é preciso estar preparado para as derrotas. Essas ensinam a lidar com as emoções e a se erguer depois de uma queda.

Já em situações em que perder ou ganhar estão em suas mãos são muito comuns no esporte e exigem confiança e coragem para assumir grandes responsabilidades. Levar isso para dentro da nossa atuação, com certeza, faz a diferença.
 
O Amapá foi o último estado a implementar a Defensoria Pública nos moldes Constitucionais. Como é fazer parte desta história?

É desafiador e gratificante. Não só pela história, mas por poder mostrar ao povo tão necessitado que é possível ter esperança.

Apenas para contextualizar, no dia 25 de março 40 defensoras e defensores públicos foram empossados. Dos 26 estados e o Distrito Federal, apenas a Defensoria Pública do Amapá não apresentava um quadro de defensores públicos concursados desde sua criação, em 1994.

Já no dia 5 de abril deste ano, criamos a Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado do Amapá (ADEPAP), o que representa mais um passo rumo à consolidação da última Defensoria Pública da Federação a ser estabelecida nos moldes constitucionais. É emocionante, pois a Defensoria Pública é a instituição que garante acesso à Justiça. De acordo com o Mapa da Defensoria Pública do Brasil – publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com a ANADEP – , 30% da população amapaense, cerca de 234 mil pessoas, são potenciais usuárias dos nossos serviços. Estamos na capital e no interior levando esperança para quem já não tinha mais.  Na ADEPAP, ocupo o cargo de Diretor de Assuntos Jurídicos e Legislativos.

Com outras posses, hoje somos 50 defensoras e defensores públicos. 

E, por fim, o que você acha que precisa ser feito para o fortalecimento da Defensoria Pública?

 A Defensoria Pública precisa se reinventar. Entender que é uma instituição de estado e ocupar todos os espaços possíveis.

 

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