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Nº 001 - 19 de julho de 2018
Sergio Sales
Defensor público do Estado do Pará
Era um dia normal na rotina do defensor público do Pará Sergio Sales. Enquanto caminhava rumo à Defensoria Pública, ele viu um cartaz que convidava as pessoas a participarem das aulas de teatro num Casarão, no centro de Belém. Ele não pensou duas vezes e adentrou, não apenas para o prédio, mas também para um sonho que havia deixado de lado em 1998, para dedicar-se exclusivamente à carreira jurídica. 
 
 
O talento e a paixão de Sergio Sales pelo teatro logo voltaram à tona. Em sua primeira peça, já levou de cara o prêmio de ator revelação. Logo depois, já estava se apresentando no Teatro da Paz – um dos mais luxuosos do país e considerado um dos Teatros-Monumentos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
 
No currículo, o ator/defensor já coleciona algumas montagens, como Melancolia, Sítio do Pica-pau Amarelo e Buarque-se. A peça Morte e Vida Severina já está no forno. Com texto original e integral de João Cabral de Melo Neto, sem adaptações, a peça vai estrear nos dias 22 a 26 de agosto, em Belém.
 
 
Defensor público há sete anos, ele conta que as atividades no tablado contribuem para seu trabalho na Defensoria Pública. Segundo ele, a arte traz uma sensibilidade que o leva a uma postura mais aguerrida na profissão. Quer saber mais da história dele? Confira abaixo a íntegra da entrevista que ele concedeu exclusivamente à equipe de comunicação da ANADEP:
ANADEP - 
1) Há quanto tempo você é defensor público? Por que decidiu ingressar na carreira?

Sou defensor público desde o dia 23/11/2011. Sempre foi minha vocação a ideia de garantir os direitos de grupos vulneráveis, a busca pela igualdade e por Justiça

2) Hoje, além da Defensoria Pública, você também está no teatro. Como você ingressou as atividades no tablado? Você se imaginava ator?

Eu amo teatro desde criança, graças a meus pais que sempre se preocuparam em me formar de maneira ampla, não apenas em me alfabetizar. Sempre conversamos muito sobre teatro, literatura e música. Cheguei a ter estudar teatro entre 1997 e 1998, mas achei que seria algo inconciliável com a carreira jurídica e deixei essa vontade de lado. Ano passado, resolvi me inscrever em um curso como hobby. Um ano depois, isso se tornou minha verdadeira realização pessoal. Pra minha sorte descobri que o teatro não apenas era conciliável com minha jornada de trabalho, como complementar.

3) Qual foi a sua maior emoção dentro do palco?

Tem duas. A primeira foi receber o prêmio de ator revelação pelo primeiro espetáculo que apresentei. Nunca imaginei que isso iria acontecer. A segunda foi me apresentar no Teatro da Paz, um dos mais luxuosos do país e considerado um dos Teatros-Monumentos pelo IPHAN. Aquilo realmente mexeu comigo e quase saí do personagem ao encarar a plateia de frente. É uma energia indescritível.

4) Você está em algum projeto no momento?

Sim. Vou me apresentar em uma montagem de "Morte e Vida Severina", utilizando o texto original e integral de João Cabral de Melo Neto, sem adaptações. Absolutamente fascinante! Será nos dias 22 a 26 de agosto, em Belém.

5) E que atriz/ator te inspiram no teatro?

Eu acho que Bibi Ferreira e Fernanda Montenegro são inspirações para toda atriz e ator iniciante, e eu não vou fugir do clichê. Além delas, Armando Babaioff e Gustavo Vaz se tornaram uma referência depois de suas performances na peça "Tom Na Fazenda". Atores novos sem medo nenhum de se entregar de corpo e alma a uma personagem. O teatro musical também me encanta muito e o que não falta são grandes inspirações nessa área: Ivan Parente, Saulo Vasconcelos, Kiara Sasso, Lilian Valeska, Izabella Bicalho, Evelyn Castro, Rodrigo Pandolfo, Analu Pimenta, Thiago Machado...

 

6) O teatro te ajuda de alguma forma no seu dia a dia de defensor? O que mudou?

O teatro nos deixa mais sensíveis. Toda atriz e ator se obrigam a ser bem mais observadores do ser humano. Captar emoções, tentar entender porque tanta mágoa em uma ação de divórcio ou disputa de guarda, por exemplo. O desespero de uma mãe cujo filho está preso. A resignação de um encarcerado com mais de dez antecedentes criminais. O medo de ser julgado em um plenário de júri. Tudo isso você aprende a analisar e isso te deixa mais sensível quando você precisa interpretar um desses arquétipos. Lembro da primeira vez que chorei em um exercício teatral: quando interpretei um pai que teve seu filho assassinado por um policial. Quantos pais e mães assim não são atendidos na Defensoria Pública todos os dias? Depois se sentir aquela dor, eu necessariamente tomo uma postura muito mais aguerrida na minha profissão.

7) E, por fim, o que você acha que precisa ser feito para o fortalecimento da Defensoria Pública?
Fazer teatro é um movimento necessariamente político! Mudar a sociedade requer uma postura política firme, e isso a ANADEP faz com maestria. Fortalecer a Defensoria Pública é dar o protagonismo ao oprimido, como o teatrólogo Augusto Boal sempre sonhou. Sem o trabalho da ANADEP, defensoras e defensores públicos não conseguiriam ser os verdadeiros agentes de transformação social que nasceram para ser. Ficaríamos apenas observando, inertes, as tragédias e comédias que os outros dirigiriam em nossas vidas.
 
>> "Histórias de Defensor/Defensora" será toda quinta-feira, a cada 15 dias. 
 
Quem quiser mandar alguma sugestão para a ANADEP, envie um email: comunicacao@anadep.org.br.
 
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