O Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (NUDEM) encerrou o Mês Internacional de Luta das Mulheres na DPE-PR com um mutirão de atendimentos na capital que atendeu 87 mulheres nas mais diversas áreas. Casos das áreas de Família e Cível foram os mais procurados por elas durante esta quinta-feira (30/03) na sede central da DPE-PR em Curitiba.
A dona de casa Marli Belini de Oliveira foi uma dessas mulheres que conseguiu atendimento da Defensoria durante o Mutirão. Moradora do bairro Xaxim, ela tem 56 anos, e soube do mutirão pela TV. Ela conta que não conhecia a Defensoria Pública, mas procurou o atendimento no mutirão em busca de um medicamento de custo elevado que ela usa a cada seis meses. “Vou passar pela médica e correr atrás dos documentos, depois volto aqui pra ver se conseguimos resolver o problema. O atendimento foi muito bom”.
Já a auxiliar de serviços gerais Eliane do Rocio da Silva soube por acaso do evento e aproveitou a oportunidade para ser atendida pela DPE-PR. “Foi uma surpresa! Passei aqui para agendar atendimento no setor e aí a guria falou que ia haver um mutirão”. Aos 58 anos, ela tem uma dívida com a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) e corre o risco de perder a casa onde mora, no bairro Santa Cândida. Agora, com o acompanhamento da Defensoria Pública, ela se sente mais aliviada. “O atendimento foi muito bom, logo tenho que voltar para fazer o acompanhamento, mas graças a Deus deu tudo certo”.
“A mulher é guerreira”
Ao longo do mês, o NUDEM também realizou rodas de conversa com mulheres e meninas de diferentes perfis: mulheres migrantes, em situação de rua, privadas de liberdade e estudantes da rede pública. Nestas conversas foram debatidos temas como a violência de gênero e suas múltiplas manifestações na sociedade brasileira, em especial a violência doméstica e familiar contra a mulher.
“Foi possível constatar o quão sistemáticas e estruturantes são essas violências na vida das mulheres e meninas. Durante as conversas, elas puderam compartilhar um pouco de suas experiências pessoais”, avalia a defensora pública coordenadora do NUDEM, Mariana Nunes. De acordo com ela, os relatos reforçam os dados divulgados em março de 2023 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por meio da 4ª edição da pesquisa ‘Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil’, que apontou que cerca de 43% das brasileiras com mais de 16 anos sofreu alguma forma de violência por parceiro íntimo nos últimos 12 meses.
Durante anos, essa foi a realidade da costureira Célia Regina Barenga, atendida no mutirão “Mulheres em Foco”. Aos 59 anos, ela procurou o atendimento da Defensoria nesta quinta-feira para pôr fim a um relacionamento de quatro décadas. Há cinco anos ela esperava pelo divórcio e chegou a obter medida protetiva contra o ex-marido. “Precisava do divórcio para dar encaminhamento na minha vida. Agora estou livre das ameaças e agressões”. Casada desde os 15 anos, Célia conta que vivia em um relacionamento abusivo onde não tinha liberdade para se cuidar e não podia nem mesmo assistir TV - e foi através de uma reportagem na televisão que ela soube do mutirão. Segundo ela, foi com paciência que, finalmente, conseguiu o divórcio. “A mulher precisa de apoio e eu ouvi muito delas [outras mulheres]: ‘não desista!’, ‘vai com calma’. Tem que ter muita paciência. A vingança não convém, você tem que ter paciência, ir pela lei, claro, e se cuidar. Eu me cuidei bastante, mas acho que a paciência foi o que fez eu conseguir. A mulher é guerreira.”
Durante as conversas e o mutirão de atendimento, o NUDEM também buscou promover a educação em direitos através da distribuição da cartilha “Maria da Penha: viver sem violência é um direito”, material produzido pela DPE-PR (acesse aqui). Junto com a cartilha, mulheres e meninas receberam informações sobre os principais direitos das mulheres, canais de denúncias e serviços disponíveis para auxiliá-las em casos de violência e orientações sobre os atendimentos prestados pela DPE-PR. “As conversas também buscaram abordar as diferentes estratégias possíveis de enfrentamento à violência, com foco principal na prevenção, por meio da educação e da criação de redes de solidariedade entre as mulheres, capazes de transformar as vulnerabilidades compartilhadas em resistência contra todas as formas de opressão”, explica a coordenadora do NUDEM.
Mutirão contou com diversas parceiras
Quem estava aguardando atendimento no Mutirão Mulheres em Foco pôde saber mais sobre os serviços da DPE-PR na Casa da Mulher Brasileira, em Curitiba, e também conhecer o trabalho das ONGs Amigas da Mama, Mulheres Emigrantes Unidas (MEU) e Mães Pela Diversidade, além de receber informações sobre mercado de trabalho e cursos profissionalizantes com uma equipe do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Durante o mutirão também foi montado um mural com lambes oferecidos pela Basuras Coletiva e as presentes ainda puderam assistir à apresentação musical de mulheres indígenas.
Equipe
Trabalharam no Mutirão Mulheres em Foco as defensoras públicas Mariana Martins Nunes e Flora Vaz Cardoso Pinheiro e a defensora pública presidenta da Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Paraná (ADEPAR) Jeniffer Scheffer; as assessoras Evelyze Bakaus, Giovanna Dalledonne, Larissa Mayer e Simone Correa da Maia; a assistente social Janaine Priscila Nunes dos Santos; a secretária da Ouvidoria da DPE-PR, Jeisa Damaris Nogueira, e a Ouvidora Geral, Karollyne Nascimento; a relações públicas Janaína Ferreira dos Santos; as(os) estagiárias(os) Giulia Emily Martins, Janaina Bastos Hurst Machado, Geovana Pinheiro da Silva, Aisha Jamili Martins Batista, Ana Luisa Dias Petrini, Camila Cristina Costa, Alessandro de Medeiros, Wellington Patrick de Lima Marques e Lucas Rodrigues do Monte Silva; as cerimonialistas Carolina Prestes Fernandes e Thais Marrese Scarpellini; a profissional de Informática Carla Reis e as jornalistas Rosane Mioto e Thaís Camargo.
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