SP: Famílias vão à Justiça para internação compulsória
Estado: SP

Famílias de Araraquara e São Carlos (SP) que não têm condições de pagar o tratamento para dependentes químicos estão recorrendo à internação compulsória. No primeiro semestre, foram registrados na Justiça cerca de 200 pedidos nas duas cidades. De acordo com o presidente do Conselho Antidrogas, Marcio Servino, a procura por essa medida tem distorcido o objetivo desse recurso.
Este ano, a cidade de Araraquara registrou 110 internações e São Carlos 88. As famílias procuram a Defensoria Pública e conseguem uma determinação judicial para internar o paciente. "A internação compulsória tem necessidade quando o indivíduo corre risco de vida ou ele gera risco para seus familiares. Esses são os principais fatores para a solicitação", explicou Servino.
Desde dezembro do ano passado, as comunidades terapêuticas de ambas as cidades enfrentam dificuldades para manter as portas abertas. Segundo a presidente Associação Amigos da Vida, Nilza Dias, as famílias sofrem após o INSS cortar o auxilio doença para os dependentes químicos.
Casos
Uma mulher que não quis se identificar conseguiu na Justiça o direito para internar o neto de 19 anos. Ela contou que para conseguir as drogas o rapaz vendia vários objetos domésticos. "Ele não se sentiu revoltado, depois da internação já escreveu agradecendo. Já fiz uma visita e ele está muito bem", contou.
O monitor Armando Pereira lutou contra o vício por 30 anos e há quatro ele está longe das drogas graças à internação compulsória. Ele contou que a dependência química o fez se afastar da família e perder tudo. Pereira, que trabalha em uma clinica de recuperação, disse que aos poucos tem se aproximado dos familiares. O próximo passo será no fim do ano quando vai atender o pedido da filha. "Vou levá-la ao altar para o casamento e isso não tem preço", disse.






